Ele
entrou tímido no recinto e pensou:
-
Todos me observam
Enquanto
a plateia curtia o show de algo que nem sabia que era bom; mas, ao
estar lá percebeu que algo não era seu, ou era, ficou a
perguntar-se.
Chega
um estranho chamado Brando, que finge ser um ator de qualquer comédia
e pede-lhe que dê um sorriso, pensando que o que vê é a beleza
inata; sem notar ínfimas diferenças.
Diferenças
a parte, a vontade de falar com o cara novo explodia no seu peito;
mesmo se sentido desvairado, depois de dançar a noite toda no local
que escolhera por malícia. E ele fala com Brando:
-
Ei! Que vontade de te sentir em mim.
-
Mesmo sabendo que não estou afim. Explorar tudo em mim é nocivo,
mas, é interessante.
Os
dois se sentam, proseando sobre um passado próximo, que compartilham
comumente, da forma mais simplista. Certos de que se entendo
mutuamente era melhor; logo chega um moreno cabisbaixo e roto,
chamado Aldo, que diz interessar-se por ele e não por Brando:
-
Eu gosto de você!
-
Aldo, deixe de loucura – disse Gabriel.
Logos
os três se entreolham e notam que fidelidade é a persistência para
o nada; pois, os mesmos queriam nada mais do que carícias, ou uma
foda a três que pudesse situá-los em si. O que foi um ménage à
troi, poderia ser apenas três colegas experimentando o que
queriam...
No
inverno os dois se aproximaram mais, mesmo sentindo que o terceiro,
Brando, poderia completá-los; sentir falta foi algo posterior, os
dois viviam o nada e o tudo da mesma forma. A convivência tornou-se
evidente para que percebia, e ao cair da neve perceberam que nada
seria o mesmo, no calor extremo viviam situações conflituantes e
únicas, e se amavam certos de que o certo era errado comumente.
(Março - 2012)